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PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO



Marisa Pinho*

Ao caminhar pela cidade notamos no entorno o contraponto da linguagem entre o antigo e o novo.

Muitos veem a preservação de edifícios como um engessamento a abertura para a evolução de projetos modernos e que se adequam às necessidades de vida e da alma dos grandes centros em uma cidade.

Até que ponto o olhar para o passado pode permanecer?
A própria história abre precedentes em um conjunto de conflitos de doutrinas e ideologias. O monumentos urbanos se mantiveram graças a uma pedagogia cívica e da educação histórica dos cidadãos pela sua edificação em determinados locais como as praças públicas. A conscientização da Memória como um balaústre da História e seus símbolos de poder e conquistas demandados pela política, recebem muitas vezes a exacerbação nos atos de vandalismo.

O Monumento é utilizado para atrelar à Memória Cultural e Histórica independente de seus valores de Identidade, sua aceitação  e importância para o povo.
Por isso, a depredação é tão comum após uma passeata de manifestação pelos populares, em momentos de comemorações ou de descontentamento deliberando ações de vandalismos nesses símbolos ligados ao Poder.


Praça Independência - Santos - SP

Mas quais as condições e critérios que motivam a conservação dos bens edificados?

O seu interesse para a história, a beleza do trabalho, o valor pedagógico para a arte e as técnicas construtivas e materiais empregados constituem a importância e a definição implícita desse patrimônio histórico edificado.

A conservação e sua preservação pela sociedade se encontra no valor histórico e seu papel efetivo de memória viva, atribuindo o sentimento de orgulho e superioridade, dotados em uma pedagogia geral de civismo. Tornando, assim, o patrimônio edificado uma herança de todo o povo.

A Arquitetura é o meio que dispomos de conservar a ligação com o passado que nós traz a nossa identidade.

A preservação dos centros históricos em uma cidade, necessita ter o controle do conceito histórico e suas características construtivas identitárias ao tornar o local, não um mero museu a céu aberto, retirando o interesse da população, tornado o lugar ermo, inseguro e sem atrativos para as funções do dia a dia no ambiente em que se inserem.


Hospedaria dos Imigrantes - Santos - SP

Contudo, esse é o grande erro observado nas diversas cidades e que acarreta perdas danosas ao patrimônio e ao modo de vida, suscitando o abandono e a violência pela ausência de uma função compatível com a realidade vivida.
Cabe aos urbanistas a solução de antinomia entre o presente e o passado. 

Convento do Carmo - Santos - SP

Não necessariamente, a busca de uma arquitetura contemporânea para atender a análise racional dos grandes sistemas arquitetônicos do passado, mas descobrir nos espaços edificados antigos os princípios imutáveis de habitar e que continuem verdadeiros ao longo dos séculos.


Fonte: Choay, Françoise - A alegoria do Patrimônio - trad. Luciano Vieira Machado - São Paulo; Estação Liberdade; Ed. UNESP, 2001.
 * arquiteta urbanista e educadora patrimonial. (FAMS)







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